sexta-feira, 9 de maio de 2014

Mundão sem porteira

           Desde que cheguei aqui no México passei por dois terremotos. O primeiro não senti, já o segundo como estava no segundo andar senti com muita força. A minha reação foi completamente mimética. Como no primeiro eu estava com a Andrea e a vi saindo de casa correndo, eu, então, desci as escadas correndo e fui para a rua. Chegando na rua as pessoas estavam tranquilas, nem tinham sentido o tremor. É a segunda vez na minha vida que experimento um terremoto, o primeiro foi no Timor-Leste. Sempre é uma sensação esquisita. Acho que deve vir algo muito inconsciente em mim que diz: “ Como assim, o chão não está firme! Não posso confiar no chão!” Cada vez mais acredito que os lugares que são mais suscetíveis às tragédias ou aos desconfortos oriundos das condições geográficas da Terra possuem um aparato mitológico fudido.        
           Enfim...
        Mas, não vou me ater às divagações sobre o sagrado porque o melhor de tudo que ouvi sobre o terremoto foi uma música. Gente, mundão sem fronteira! Os mexicanos são tão descompensados como nós brasileiros para criar músicas. Usam dos fatos do cotidiano e fazem uma narrativa musical divertidíssima!
           Olha essa música pós-terremoto:

https://www.youtube.com/watch?v=aVlc1gHs4tQ

           Aqui vai a letra:

http://www.musica.com/letras.asp?letra=1837914

         O nome dela é Donde te agarro el temblor. O cara tava super se divertindo em uma dança e então percebe que seus passos não estavam de acordo com o ritmo da música. Daí por diante começa um fuzuê. E o terremoto, aliás, el temblor, o encontra em situações inusitadas.
        (Sorry, essa música vai ficar na sua cabeça por muito, muito, muito tempo. É tipo aquela lambada: chorando se foi quem um dia só me fez chorar... Vai demorar pra sair da cabeça mesmo!)
         Pois bem, essa música é um nível light! Narra de forma tranquila um terremoto que nem sempre é acompanhado de tragédias.Vai vendo a outra música que descobri aqui.
          Tem uma cantora chamada Amandititita que toca cumbia. Ela fez uma música La Mataviejitas, A mata velhinhas, e gente, pasmem: a história é baseada em fatos reais. Teve aqui no México uma serial killer que matava velhinhas. A história é um horror, me parece que ela matava velhinhas que viviam sozinhas. Iniciou a sua série de crimes nos anos noventa e foi presa somente no início dos anos 2000. Os crimes tinham um modus operandi, a característica mais leve que destaco da prática de La Mataviejitas é que ela se vestia de vermelho para realizar os crimes. Nem vou colocar o link aqui porque a tragédia é grande, feia e não vale a pena se perder muito nela. O horror não se restringe somente aos crimes, mas também a vida que La Mataviejitas tinha; uma história de vida pesadíssima!
           Pois bem, depois de resolvido os crimes, depois da prisão de La Mataviejitas o que acontece? Uma música, claro! E da Amandititita. Aí vai o link!

https://www.youtube.com/watch?v=h7AzOgVxZv8&feature=kp

        Gente, ainda bem que no nosso brasilzão a gente tem a Valesca, né? Imagina, a criatividade dos mexicanos é de dar inveja. O bom da Valesca é isso, porque além de criativa ela nos ensina a não ter recalque quando nos encontramos em situações como essa.

Beijinho no ombro

PS.: Estou fazendo um intensivão com alguns amigos mexicanos para ensinar o conceito do recalque by Valesca-pensadora-que-leu-Freud!. Eu acho que minha empreitada só tem duas vias: a pura glória ou a pura derrota! Até hoje não sei me situar, não sei se a relação com La Madre é a superação extrema nível hardcore do recalque ou se é justamente o contrário... Meditarei sobre o assunto durante alguns dias e, se encontrar alguma conclusão, conto pra vocês!

Nenhum comentário:

Postar um comentário